Hoje  ( 25 de julho) é o  dia do escritor, dia escolhido para homenagear essa bela profissão, esse dia comemorativo surgiu na década de 60 no primeiro festival do Escritor brasileiro quando João Peregrino Júnior era diretor  e Jorge Amado  vice da União Brasileira dos Escritores que deu origem ao festival. Um dia perfeito para indicar um livro que tem tudo a ver com a ocasião. 

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O livro Uma Ilha chamada Livro - Contos mínimos sobre ler, escrever e contar da Heloísa Seixas fala do universo dos livros em forma de contos, o livro é dividido em três partes: 
A primeira parte fala sobre ler, são oito contos diferentes tenho certeza absoluta que você irá se identificar com algum. 

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A segunda parte fala sobre escrever, nele são onze contos, um dos meus preferidos está descrito abaixo o conto "A Linha". A terceira parte fala sobre contar, onde se reúnem seis contos sobre a arte de contar histórias.

São dizeres sobre o dia - a -dia, memorias, sensações, pequenos diálogos. Heloísa Seixas reuniu nesse livros vários contos que ela publicou no jornal A folha de São Paulo e na revista Domingo do jornal do Brasil. photo separador.png

A Linha 


Não ouve qualquer aviso. 
Foi de repente. Fechei os olhos e quanto torne a abri-los, pronto - estava lá. Nada teve de gradual. Ao contrário, foi instantâneo e por isso surpreendente, fascinante e aterrador. 
 Sim, foi como aconteceu. E agora aqui estou.
Olho em torno . As sombras, as formas, os mistérios, tudo que pressinto hoje à minha vota, tudo o que me cerca é real, palpável, disto estou certa. Mas desconheço como vim para aqui, não sei qual a causa imediata desse transporte. Só sei, com absoluta segurança. que há vida deste lado. Quase posso enxergar os fantasmas translúcidos movendo-se na penumbra, ouço seus rumores, sua respiração. 
E agora que aqui estou  - Só agora - vejo, retrospectivamente, que durante anos me preparei para esse encontro, essa passagem. Por todo a a vida estive, sem saber, a um passo de cruzar a linha e chegar aqui.  Para começar, eu ouvia vozes. Desde menina. Sempre falei com eles. Mal acordava e já podia pressentir sua presença, seus sinais.
Conversam comigo, sussurravam-me coisas, às vezes sem sentido, em outros momentos com enorme clareza e lucidez . Mas nunca pensei que fossem fortes a ponto de me arrastar, de me levar assim - para o outro lado. 
Por isso, repito: Eu nada pude fazer. 
E agora , sabe o que vejo? Vejo homens e mulheres, de olhar perdido, belhos de faces encovadas, espiando através de frestas. Vejo meninas brincando na relva, de mãos dadas, e sei que num desses rostos gêmeos há um sinal - uma delas está marcada. Vejo florestas, casas abandonadas , gramados crescidos. Pântanos, lodaçais, vastidões assombrados. E também imensos espaços mortos, desertos e planices onde monumentos de pedra se erguem para um céu alienígena, com nuvens cor de sangue. Neste lugar há espelhos, portais, labirintos.  Há noite, paixão e morte. Há medo. Acima de tudo, medo. E loucura. Aqi mora o desconhecido, o incontrolável . E por mais que eu me faça senhora deste reino, sei que estou condenada.
 É verdade. Não há retorno para os que pisam este lado da fronteira. Nunca mais. Não poderei outra vez cruzar o umbral e me instalar confortavelmente do lado de lá, do lado onde sempre estive , do lado onde tudo é calmo e acabado. Onde não há inquietação. Assim como Perséfone que , tendo provado uns gomos de Romã, o fruto do inferno, condenou-se a viver no mundo dos mortos, eu sei que também permanecerei aqui . Para sempre. 
Você sabe onde estou? Sabe que fronteira é esta que falo?
É a linha atravessada por aqueles que escrevem. 

Uma ilha chamada Livro - Contos mínimos sobre ler, escrever e contar. 
Heloísa Seixas - Página 47 - Escrever - "A linha "
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A parte que mais gosto são os contos sobre ler, o livro inteiro é divertido, mas nessa parte rola uma identificação absurda. Super indico a leitura.

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Trecho do livro " uma ilha chamada livro " - Heloisa Seixas

Mesmo porque ele é um livro fininho ( apenas 109 páginas) super bem editado, divertido e simples. Sabe quando você lê um livro "doce", com palavras fofas que te tocam de alguma maneira? Acho que é esse. 

1 Comentários

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